quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A harmonia na diferença

Se eu morrer você vai casar de novo?” Só uma mulher é capaz de fazer esse tipo de pergunta, e a resposta tem que ter vários, mas vários “nãos”, misturados com milhões de beijos e seguidos da frase: “Ficou louca?”
Sinceramente: você já ouviu falar de algum homem que, mesmo de brincadeira, tenha feito alguma pergunta parecida com essa? É claro que não.

Ah, as mulheres... Elas querem provas de amor eterno o tempo todo, mesmo depois da morte. Passam a vida testando os pobres dos homens para saber se eles gostam mais delas ou da mãe, ou do barco, ou do carro novo, ou do Flamengo, ou – sutilmente – dos filhos.

Se ele não lembrou que hoje faz oito anos e 17 dias daquela tarde de chuva em Paris em que se abrigaram debaixo da marquise para se beijar – e não mandou flores, como homenagem à data –, é um sinal claro de que o amor (dele) acabou. Se num incêndio, no meio das labaredas, não lembrar que precisamente naquele dia, 15 anos atrás, falaram pela primeira vez em casamento, ela é capaz de se jogar da janela ou – pior – de amarrar uma bela tromba por dias seguidos. Isso se tiverem a sorte de escapar com vida, o que, no caso, talvez não seja o melhor negócio.

Ah, as mulheres... Se quando ela entrar no carro ouvir um CD que não tem nada a ver com a história de amor dos dois, é sinal de que alguma coisa não anda bem, e mais: a prova de que existe uma história rolando com outra. Se for a fita de Caetano cantando em espanhol e ele cantarolar LA BARCA sabendo a letra  todinha de cor, me diga: é ou não é prova evidente de traição?

Já os homens são diferentes. No caso inverso, são capazes de dizer, numa boa: “Parece que você adivinhou, eu estava louco para comprar essa fita”. É possível ter uma relação com alguém de cuca tão fresca? Claro que não. Ah, esses homens...

Quando uma mulher vê o seu de gravata nova e caprichando na frente do espelho, já fica com a pulga atrás da orelha: “Aí tem”, é o mínimo que pensa. Já o homem, quando vê sua mulher lindona, de salto alto e corte de cabelo novo, convida logo para jantar fora, feliz de poder exibir a mulher, que, para ele, é a mais linda do mundo. Difícil a harmonia entre esses dois seres tão diferentes. Difícil, mas não impossível.

Ele bem que tenta, mas, se chega em casa com um ramalhete de flores, ela pensa: “Alguma andou aprontando”. Se propõe uma viagem, nunca ouve um sim logo de cara. As crianças vão entrar em provas, a casa precisa de uma reforma, talvez seja a hora de trocar de carro. E, quando concorda, começa a discussão sobre o roteiro. Atravessar  Portugal e Espanha de carro, nem pensar. Tem que ir a Paris ver as modas, conhecer a  ala nova do Louvre, contar que St. Germain não está com nada, que o único lugar onde se pode ficar agora é no Marais.

Ele às vezes pensa em como seria feliz se pudesse viajar com dois amigos só para dizer uma porção de bobagens, esticar o almoço às vezes até 5, 6 da tarde, exagerar no vinho apenas para se sentir bem livre, não ter que reservar um restaurante e chegar na hora marcada com a mulher do lado contando de todas as compras que fez. Mas e a coragem?

2 comentários:

  1. Oi Naíra,
    Os homens são mais cabeça feita que nós, mas o meu marido vive falando que, se ele morrer, não quer que eu me case novamente (já fui casada antes).
    Obrigada por ter retribuído a visitinha. Adorei.É sempre bom ter uma nova amiga.
    Bjkas e uma 4ª-feira maravilhosa para vc.

    www.gosto-disto.com

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  2. Obrigada Betty.
    Volte sempre.
    Beijos.

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